sexta-feira, 23 de julho de 2010

O BEIJO

O "beijar a mão" de uma mulher é um ato hoje tão distante do comportamento trivial masculino que quando um homem assim procede nos confundimos um pouco. Por sermos pegas desprevenidas há um ligeiro atrapalhar-se; tentamos um sutil shaking hands, mas por sorte ainda somos delicadas para corrigir a tempo e estender nossa mão com finesse. Interiormente, a vontade é de repassar a cena e refazer tudo corretamente do início ao fim, de modo a nos comprazermos desse momento exclusivo de lisonjas. Podem indignar-se os modernos, os despretenciosos ou as feministas radicais, mas o ideal de cavalheirismo ainda tem seu charme. Luciana MS Arraes - 23-07-2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Porque Hemingway


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Muitas datas importantes passam despercebidas por mim, mas curiosamente sempre no dia 21 de julho penso em Ernest Hemingway e me dou conta de que é a data de seu aniversário de nascimento. Faria hoje 111 anos.
Nomeei meu Blog há dois anos com uma obra sua. “O sol também se levanta”, (estou com ela em mãos). Um romance que li e reli no passado. O que me atrai em Hemingway é que ele mergulha fundo nos conflitos mais corriqueiros do ser humano e parece ler nossos sentimentos e angústias. É tão maravilhoso em seu estilo seco e preciso e em sua técnica magistral de usar conjunções diversas em rápida sucessão (como em "ele correu e pulou e riu de alegria"), para transmitir uma variedade de efeitos, como aumentar ou diminuir o ritmo da prosa.
Não admiro completamente sua biografia, como seu gosto pelos esportes radicais de sua época – afinal ele era louco por touradas e safáris na África. Dizia que passava boa parte do tempo atirando nas feras para não ter que atirar em si mesmo. No final de sua vida foi o que ele fez.
De qualquer forma, era outra época e independentemente de suas preferências esportivas ele esculpiu com mãos de mestre na solidez das palavras grandes histórias a partir de temas simples do cotidiano.

Em “O Sol Também se Levanta”, Hemingway retrata um grupo de expatriados boêmios, ingleses e norte-americanos, após o término da Primeira Guerra Mundial chegando a Pamplona, durante a “Fiesta de Sanfermin”, onde são introduzidos à estética das touradas. No meio da alegria que antecede o retorno ao marasmo habitual, uma sofrida história de amor se desenrola entre um impotente mutilado de guerra e uma ninfomaníaca. É empolgante o sentido humano com que ele narra às desilusões desse grupo de "exilados".

Não me estenderei porque meu propósito não é tecer aqui críticas e resenhas aos seus livros, mas expressar o prazer que sinto ao lê-lo e suscitar a importância literária da “Geração Perdida” através da memória de Ernest Hemingway.

Luciana MS Arraes, 21 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

PIANO E SAX

Quando Dick Farney morreu em 87, eu senti muito e agora igualmente sensibilizada pela perda de Paulo Moura. Eu me emociono cada vez que ouço esta gravação. Duas feras de nossa música. Dois grandes músicos que perdemos. Que todos os meus amigos possam viajar nesse encontro sublime, perfeito entre dois homens que souberam como ninguém extrair a essência de "Risque" de Ary Barroso e reconhecê-la como uma obra-prima. Muito linda. Não existe clipe desta gravação na WEB, assim, fiz esta edição com carinho para que todos vocês, meus amigos, possam apreciá-la comigo. Espero que gostem! "Dick Farney e Seu Jazz Moderno" em um show memorável em novembro de 1958 no auditório do jornal "O Globo" - interpretando "Risque" de Ary Barroso. Dick no Piano, Paulo Moura no saxofone alto, Shu Vianna no contrabaixo e Rubinho Barsotti na bateria. 15-07-2010 - Luciana MS Arraes

PÁRAMOS


PÁRAMOS - Quem conhece “Pedro Páramo” e sua atmosfera de realismo fantástico, uma obra fabulosa de Juan Rulfo, gostará de vê-la transcriada para o teatro com competência e criatividade. Vinte e quatro atores — estudantes da UNICAMP— guardam o mérito de todo o trabalho ter sido pensado e criado por eles próprios. Quanto a construção cênica, duas arquibancadas bastam para dar existência a um imaginário de miasmas, composto por “paredes” que escondem lamúrias. Quanto a nós, espectadores, vagamos juntos entre fantasmas não libertos das emanações meféticas e que necessitam ainda ser amados e lembrados. Poderia evidenciar várias passagens da peça, mas a “morte de Susana” foi um dos pontos altos que me marcou profundamente. PÁRAMOS vai além do contexto de um livro, não é somente uma releitura da obra de Juan Rulfo, mas um mergulho num universo mítico de um povo tão rico culturalmente — os mexicanos. Por fim, nessa dramaturgia, “páramo” - como substantivo, deixa de ser uma planície solitária, um deserto ou o próprio firmamento, para transformar-se num povoado denso de referências e carregado com força simbólica de espectros, sentimentos, saudades, dores e morte.
Luciana MSA 21-06-2010

Poetry to Max made by myself when I saw him in the heart of Brazil

THE WALKER He was a lonely traveller. He used to be in different places and he liked it. His life was an adventure. Either he was in the town or he was in the forest. But sometimes he also flew throughout the sky to appreciate beautiful sights of the earth. He almost didn’t talk. He preferred the silence. During the day the sunshine was his guide and at night he had the starlight as a guide. There was always a lot of light in his way and it made him someone special. He had courage and boldness. He had to be alert about everything around him, but he didn’t have to be someone distrustful. In fact, he liked it when he arrived in an isolated little village because he noticed the folk’s simplicity. As soon as he arrived, the people asked themselves: -Who will this walker be? – and the children, in turn, approached him with singular curiosity. Once in a while he gave many gifts to the children such as small handcrafts, which were made by himself, rare rocks, exotic trees seeds and so forth. When he left the spot everybody blessed him and wished him a pleasant journey. One day, when he was climbing a mountain, his body cooled. It was very cold. Then he stopped and made a camp-fire. He sat down and stayed quietly listening to the sound of the wind. He could translate its massage. He would do it if he wanted, but he didn’t need because his heart understood it. His tramp didn’t have a beginning or an end and nobody ever knew about his dreams.   
For you, Max with love from Luciana July 2007