sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS EM PAUTA



Há seriedade na escolha dos membros da Academia Brasileira de Letras? Perguntei-me isso quando a obra de Paulo Coelho garantiu-lhe uma cadeira estofada na Academia, como se a falta de opções fosse o indicador para a escolha de um autor de livros de auto-ajuda. Sim, porque por mais que ele rejeite, essa pecha parece-me bem adequada; eu conheci pessoas que disseram ter mudado o rumo de suas vidas após ler “Diário de um Mago” ou o “O Alquimista” – não questiono se foram motivadas pela ausência de sanidade intelectual ou capacidade de análise, mas o fato é que elas formam o escopo dos “necessitados” responsável pelo fenômeno de vendagem.
A Academia Brasileira de Letras foi fundada em 20 de julho de 1897 e tem por fim o cultivo da língua e a literatura nacional. Seguindo o modelo da Academia Francesa é composta por 40 membros efetivos e perpétuos, eleitos em votação secreta e 20 sócios correspondentes estrangeiros. Quando um Acadêmico falece, a cadeira é declarada vaga na Sessão de Saudade e a partir de então os interessados dispõem de um mês para se candidatarem.
O estatuto da ABL estabelece que para alguém candidatar-se é preciso ser brasileiro nato e ter publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livros de valor literário.
A motivação que me remeteu à Academia e seus Imortais nesta postagem adveio do Prêmio Luis de Camões – o mais importante prêmio literário da língua portuguesa recebido merecidamente por Ferreira Gullar em 31 de maio deste ano.  Como mostra a matéria de hoje do IG - Último Segundo, aqui reproduzida, foi preciso um prêmio desse quilate para a ABL “ver com bons olhos” a candidatura de Ferreira Gullar. Será que a ABL se sentiu em uma saia-justa por não tê-lo reconhecido até hoje? O irônico é que não há vaga para ele, como também não há para Antonio Cândido, Autran Dourado e Rubem Fonseca, que tiveram suas obras reconhecidas por este mesmo prêmio Luis de Camões, considerado o "Nobel" da língua portuguesa. Será que é por isso que “O ROMANCE MORREU”, Rubem Fonseca?

“SOB APLAUSOS, FERREIRA GULLAR RECEBE PRÊMIO CAMÕES
Diante de um auditório lotado, que o aplaudiu de pé, na Biblioteca Nacional, no Rio, o poeta maranhense Ferreira Gullar recebeu ontem o diploma do Prêmio Camões 2010 das mãos do presidente do Instituto Camões, Adriano Jordão. Trata-se do prêmio literário mais importante entre os países de língua portuguesa, que entrega 100 mil euros. O Prêmio Camões foi criado em parceria por Brasil e Portugal no ano de 1989 e tem em sua lista de ganhadores os respeitados nomes brasileiros como João Cabral de Melo Neto (1990), Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), Antônio Candido (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003), Lygia Fagundes Telles (2005) e João Ubaldo Ribeiro (2008). (Alguns nomes não haviam sido citados e foram acrescentados por mim)
Emocionado e cercado de amigos, Gullar, de 80 anos, agradeceu dizendo que escreve "para o outro". "O sentido da vida é o outro, é o outro que dá sentido ao que a gente faz. Quando o reconhecimento chega nesse nível, a gente vê que valeu a pena."
Compareceram vários integrantes da Academia Brasileira de Letras. A casa vê com bons olhos a candidatura de Gullar. No momento, não há vagas.” (IG – Último Segundo – 17-09-2010) - LucianaMSArraes 17-09-2010

sábado, 4 de setembro de 2010

HOJE - 3 DE SETEMBRO - EXATAMENTE HÁ 251 ANOS ATRÁS


EUROPA - SÉCULOS XVII E XVIII -
Neste período um conjunto de progressos se desenvolve no contexto do movimento das idéias - O Iluminismo - primado da razão - é uma atenção especial àquilo que é a natureza, rejeitando explicações metafísicas para ocupar-se de investigações físicas e racionais. É no contexto do Iluminismo europeu que uma série de reformas políticas e administrativas mudou o rumo da história da educação em Portugal e nas suas colônias.
PORTUGAL - TRÊS DE SETEMBRO DE 1759 -
O Rei é D. José I, mas quem comanda o país é o Primeiro Ministro Marquês de Pombal e pela promulgação de uma lei determina a expulsão dos jesuítas de Portugal e de seus domínios. Eles não mais participariam da vida da metrópole e das colônias; assim instauram-se as Reformas Pombalinas na Educação substituindo o sistema de ensino dos padres da Companhia de Jesus, vigente há 210 anos, por um sistema moderno de caráter útil e aplicado, mais de acordo com o novo ideário iluminista. Na Universidade de Coimbra monta-se o projeto de Reforma Educacional que abrange todo o currículo escolar tendo como grande novidade a introdução das ciências modernas. Como exemplo, os estudos de gramática deixam de ser em latim para serem feitos na língua materna. O professor deixa de ser aquele que apenas leciona e passa a ser o pesquisador-inventor, aquele que investiga a natureza e incorpora seus achados à sua disciplina.
Marquês de Pombal fortalece o poder central e implanta as doutrinas do Despotismo Esclarecido, que nivela todas as classes face ao Rei, ou seja, dos membros da alta nobreza aos jesuítas, muitos sentiram o peso do Despotismo Esclarecido, sendo banidos, punidos, torturados e executados.
A crítica pombalina à Educação Jesuítica – centrada na escolástica que une Aristóteles à São Tomás de Aquino é voraz. A teologia não mais ocuparia o lugar central.
Na visão pombalina, a Companhia de Jesus emperrava o desenvolvimento de um conhecimento embasado na ciência e na investigação. Com sua expulsão o Governo português estatiza o ensino e implanta as idéias iluministas. Assim, a educação passa a ser laica e de responsabilidade do Estado. Contudo, o grande problema é que não havia professores suficientes e adequadamente preparados para assumir o lugar dos jesuítas. Esse impasse educacional o Estado não conseguiu contornar. Nos será familiar essa situação? LucianaMSArraes, 03-09-2010